terça-feira, 26 de maio de 2015

Estão abertas inscrições para o Enem 2015

Este ano, foram tomadas medidas de segurança e para reduzir a abstenção. O exame dá acesso ao Ensino Superior em 115 instituições públicas

Os interessados em participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 já podem se inscrever na página enem.inep.gov.brO prazo de inscrição começa nesta segunda-feira (25) e vai até o dia 5 de junho. A nota do Enem é usada como critério de acesso à educação superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em 115 instituições públicas, e do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Este ano, foram implementadas medidas para reduzir a abstenção, ampliar a segurança e dar mais tranquilidade aos participantes. Para diminuir os índices de abstenção e evitar o desperdício de dinheiro público, o governo determinou que os candidatos isentos de taxa de inscrição que não comparecerem nos dois dias de provas perderão o benefício para a próxima edição do exame. Na edição do ano passado, dos 8,7 milhões de inscritos, 2,4 milhões faltaram aos dois dias de provas — abstenção de 28,6%.
Estão isentos da taxa de inscrição os concluintes do Ensino Médio em 2015 matriculados em escolas da rede pública e as pessoas que se declararem carentes. Para os demais, o valor é de R$ 63. O pagamento deve ser feito até as 21h59 (de Brasília) de 10 de junho. 
O cartão de confirmação deverá ser consultado e impresso na página do participante. Esse documento contém o número de inscrição, data, hora e local onde serão realizadas as provas; a indicação dos atendimentos especializado e/ou específico escolhidos (se for o caso); da opção de língua estrangeira e da solicitação de certificação (quando houver).
Mais segurança
O Enem 2015 será realizado nos dias 24 e 25 de outubro. Nos dois dias de exame, os portões nos locais de provas serão abertos às 12h e fechados às 13h (horário de Brasília). A diferença em relação aos exames anteriores é o início das provas, às 13h30. O tempo extra de meia hora será usado para procedimentos de segurança, como revista eletrônica, e para dar tempo a todos os presentes de entrar em sala e guardar os pertences. O período total de duração das provas permanece em quatro horas e meia no sábado e cinco horas e meia no domingo.
No momento da inscrição, os candidatos precisam informar um número de telefone, celular ou fixo, válidos, bem como cadastrar um endereço eletrônico (e-mail), o qual não pode ser usado por outro participante. O sistema pedirá ainda que o candidato crie uma pergunta e uma resposta de segurança.
Nome social
Para aperfeiçoar o atendimento e também evitar fraudes, a inscrição de travestis e transexuais que pretendem ser identificados pelo nome social terá alterações. Esses candidatos devem fazer a inscrição normalmente, no período estabelecido no edital. Depois, entre 15 e 26 de junho, eles devem encaminhar, por meio do sistema do participante, na página do Enem na internet, cópia de documento de identificação, uma foto recente e o formulário preenchido, disponível on-line. Ano passado, os interessados em usar o nome social tinham que entrar em contato com o Inep pelo 0800. Na edição de 2014, 95 pessoas optaram por usar nome social.
Desde 2009, Enem é porta de entrada para universidades
O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade.
A partir de 2009, o exame passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para o ingresso no Ensino Superior. Ao longo dos anos, foram implementadas mudanças que contribuem para a democratização das oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), para a mobilidade acadêmica e para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio.
Respeitando a autonomia das universidades, a utilização dos resultados do Enem para acesso ao Ensino Superior pode ocorrer como fase única de seleção ou combinado com seus processos seletivos próprios.
A participação na prova é ainda requisito para receber o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), participar do programa Ciência sem Fronteiras ou ingressar em vagas gratuitas dos cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Estudantes maiores de 18 anos podem também obter a certificação do Ensino Médio por meio do Enem.
Fonte:http://www.brasil.gov.br/educacao/2015/05/estao-abertas-inscricoes-para-o-enem-2015

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Desconstruindo a pseudociência: o charlatanismo na pesquisa sobre preconceito na UFRGS

Contraponto à matéria da Zero Hora, sobre o preconceito na UFRGS

Por Gabriel Afonso Marchesi Lopes

Os resultados de uma pesquisa científica séria devem retratar a realidade da forma mais fidedigna possível, logo os mesmos não são passíveis de questionamento direto quanto à sua validade, uma vez que devem ser imparciais e objetivos de tal forma que não cabe aos resultados agradar ou desagradar uma ou outra opinião ou ideologia, mas sim estar de acordo com os fatos propriamente ditos, ainda que isto, por assim dizer, gere “choro e ranger de dentes”. Todavia, os resultados podem ser invalidados de maneira indireta, e isto ocorre quando os pressupostos para sua obtenção não são atendidos, sendo estes aqueles que dizem respeito à metodologia empregada e a base de dados analisada. Se foi empregada uma metodologia inadequada e/ou a base de dados for inconsistente, então os resultados do estudo não vão retratar a realidade, logo são inválidos do ponto de vista técnico.

No dia 18 de Maio, o jornal Zero Hora publicou uma matéria sobre um estudo, realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicado na revista Sexuality Research and Social Policy, que supostamente apontou que 87% dos alunos da Universidade tinham algum preconceito de gênero ou contra a diversidade sexual. O conteúdo desta matéria teve grande repercussão nacional, sobretudo por tratar de um tema sensível que é o preconceito e por apontar que a nata intelectual da sociedade, isto é, os estudantes da instituição que é avaliada pelo Ministério da Educação (MEC) como a melhor Universidade do Brasil são, em sua grande maioria, preconceituosos.

Por mais que este resultado afronte algumas visões e, inclusive, atinja a imagem de uma instituição de ensino centenária, não cabe, em um primeiro momento, questionar se estas conclusões são ou não são válidas, porém é importante analisar o processo através do qual se obteve tal resultado, a fim de avaliar se o mesmo teve o rigor científico que se espera em uma universidade de renome e está de acordo com os padrões internacionalmente aceitos. Assim, cabe a análise do procedimento de coleta de dados, do instrumento utilizado nesta coleta e dos controles utilizados para que a mesma se restrinja à população alvo.

Analisando o estudo que foi originalmente publicado em inglês sob o título “Prejudice Toward Gender and Sexual Diversity in a Brazilian Public University: Prevalence, Awareness, and the Effects of Education” é visível que esta pesquisa é metodologicamente falha, logo seus resultados não podem ser replicados para toda a Universidade. Explico: quando se trabalha com uma amostra, usa-se uma série de procedimentos estatísticos a fim de que seus resultados possuam determinadas características e, assim, possam ser utilizados para se falar algo (inferir) sobre toda a população. Quando este procedimento amostral é feito de forma inadequada, seus resultados podem possuir um viés que leva à interpretações errôneas sobre a população.

Um dos pressupostos mais importantes em amostragem é a aleatoriedade da amostra, que são os procedimentos onde cada possível amostra tem probabilidade conhecida, a priori, de ocorrer, se baseando em teoria de probabilidade e inferência estatística, de forma que se possa, utilizando propriedades matemáticas associadas ao plano amostral, buscar uma amostra representativa da população que permita a generalização de seus resultados dentro de limites aceitáveis de dúvida.

Ocorre que a pesquisa não utilizou nenhum procedimento probabilístico na seleção da amostra. Conforme consta no próprio estudo, o procedimento utilizado foi o seguinte: a Reitoria da Universidade enviou um e-mail para todos os estudantes com um questionário on-line e alguns deles responderam ao estudo, tendo suas respostas utilizadas na obtenção das conclusões do estudo. Assim, a ausência de metodologia estatística na seleção da amostra faz com que seus resultados sejam tendenciosos e impede que os mesmos possam ser utilizados para se fazer inferência a respeito de todos os alunos da instituição.

Então, do ponto de vista técnico acerca do procedimento de coleta de dados, considerando que os procedimentos metodológicos não foram adequados, temos que a análise realizada, por mais sofisticada que seja, não pode ter seus resultados considerados como idôneos, pois foram tendenciosos já na origem, no momento de coleta da amostra.

Ainda, em um estudo científico é importante analisar o instrumento utilizado na coleta dos dados, isto é, a forma utilizada para medir os elementos que subsidiarão as conclusões da pesquisa. Em se tratando de uma pesquisa de opinião é usual utilizar um questionário, sendo este exatamente o meio que foi empregado neste estudo. Um questionário pode ser elaborado de diferentes formas, neste caso utilizou-se algo que possuí a nomenclatura técnica de “Escala de Likert”, que é uma forma de medição psicométrica onde cada questão é representada por cinco gradações que quantificam a opinião do respondente em relação aquilo que lhe é perguntado indo de “discorda totalmente” até “concorda totalmente”.

A “Escala de Likert” possuí diversas críticas, porém o interesse aqui não é a discussão sobre qual método é melhor ou pior, mas sim se o método utilizado teve seus pressupostos cumpridos, não possuindo falhas do ponto de vista técnico. Em se tratando de um questionário que utiliza a “Escala de Likert”, a verificação de sua adequabilidade técnica se dá a partir do emprego de uma medida estatística cujo nome é coeficiente alfa de Cronbach, que estima a confiabilidade de um instrumento aplicado em uma pesquisa a partir da correlação entre as respostas em um questionário através da análise do perfil das respostas dadas pelos respondentes. Cada item, a priori, deve abordar uma única ideia de cada vez, isto é, os itens devem ser independentes. Se a resposta a determinado item se comporta de maneira parecida com a resposta de outro item, conclui-se que um explica o outro.

Dessa forma, cabe ao pesquisador avaliar o questionário com o emprego do coeficiente alfa de Cronbach, realizando aquilo que é chamado de purificação da escala, que consiste na eliminação de itens que estejam afetando a confiabilidade da medição em um determinado levantamento de dados. Todo esse conjunto de procedimentos envolvendo o instrumento de medida em uma pesquisa de opinião é chamado de validação do questionário. Não obstante, pode também o pesquisador utilizar um questionário elaborado em outra pesquisa, que já passou por todo o processo de validação e é aceito pela comunidade científica.

Contudo, no referido estudo, não há qualquer menção quanto ao processo de validação do questionário empregado e nem mesmo quanto à outras referências e usos do mesmo em outras pesquisas científicas da área. Este é o tipo de erro que não se espera em um estudo sério, pois o uso de um instrumento de medida validado é fundamental para a adequada coleta dos elementos que serão analisados, uma vez que um questionário falho acabará repassando suas falhas aos dados que, então, farão com que se chegue à conclusões tendenciosas, que retratam uma visão distorcida da realidade. Portanto, neste quesito, o estudo deixou a desejar.

Por fim, dentro das questões metodológicas, cabe a análise dos controles utilizados para que a pesquisa se restrinja à população alvo. Em um estudo científico, a população objetivo ou população alvo é um conjunto de todos os elementos abrangidos no estudo que apresentam características próprias, sobre as quais se deseja obter conclusões. No caso em tela, a população alvo compreendeu os estudantes de graduação matriculados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 03 de dezembro de 2013, sendo cada estudante uma unidade elementar distinta. Nota-se que não houve qualquer menção sobre o fato de terem sido considerados somente os alunos com matrícula ativa ou se foram também considerados os alunos com matrícula trancada, mas este é o menor dos problemas como veremos a seguir.

Uma vez definida a população alvo, deve-se definir um sistema de referências que sirva para o mapeamento das distintas unidades elementares da população alvo. Em algumas populações, o sistema de referências pode se tornar extremamente complexo, contudo, no caso em questão, um sistema de referências relativamente simples seria o número do cartão da UFRGS, que é composto por seis dígitos, sendo diferente para cada membro da comunidade universitária. Uma vez que possa ser colocada em correspondência biunívoca as unidades elementares da população alvo com o sistema de referências, temos aquilo que é tecnicamente chamado de população referenciada, na qual será aplicada uma técnica estatística de amostragem com o intuito de obter a população amostrada ou simplesmente amostra, a partir da qual, fazendo uso de estimadores, se fará inferência sobre a população alvo.

Entretanto, como já foi exposto antes, não foi utilizada nenhuma técnica de amostragem probabilística para obtenção da população amostrada, o que constitui uma falha grave neste estudo, contudo, como este ponto já foi discutido, o importante agora é analisar os controles utilizados para delimitar a população alvo. Neste caso, conforme explicitado pelo próprio estudo, foram enviados e-mails para os alunos com acesso para o questionários on-line. Ocorre que, para acessar o questionário, não era necessário nenhum tipo de procedimento de “login”, o que permitia que estudantes, ou pior, terceiros sem vínculo com a Universidade, respondessem o questionário se fazendo passar por outras pessoas, podendo fazer isso repetidas vezes. Ainda, além dos itens de pesquisa dispostos em “Escala de Likert”, o questionário possuía diversas perguntas abertas referentes à caracterização do respondente, permitindo que um aluno (ou terceiro), por exemplo, incluísse informação errada quanto a seu curso.

Logo, a falta de controle sobre a população alvo permitia que elementos que não pertencessem à população objetivo do estudo respondessem o questionário o que, em um estudo que trata de um tema sensível como o preconceito, poderia gerar muita inconsistência nos dados, por exemplo, a partir de um grande volume de respostas extremas por uma pessoa ou grupo de pessoas mal-intencionadas que estejam interessadas em fazer parecer que os estudantes da UFRGS são preconceituosos ou, considerando o grande número de perguntas com respostas abertas na caracterização do respondente, que tenham interesse, por exemplo, em fazer parecer que alunos de um dado curso são mais preconceituosos que de outro curso.

Portanto, a polêmica pesquisa realizada no âmbito do Instituto de Psicologia da UFRGS não contou com controles sobre a população alvo, permitindo a interferência de elementos estranhos, quiçá, mal-intencionados na pesquisa, utilizou uma metodologia de amostragem não-probabilística, que gera amostras tendenciosas, e, por fim, aplicou um instrumento de medida cuja validação é desconhecida. Pelas gritantes falhas técnicas e metodológicas, a conclusão não pode ser outra senão: a pesquisa não tem base técnica suficiente para ter qualquer credibilidade científica, não passando de mais um caso de pseudociência, que embora sirva para propósitos ideológicos, não tem utilidade no âmbito das pesquisas sérias e calcadas em métodos realmente científicos.

Fonte: http://liberdadeufrgs.blogspot.com.br/2015/05/desconstruindo-pseudociencia-o.html

terça-feira, 19 de maio de 2015

NAUFRÁGIOS AMPLIAM CRISE HUMANITÁRIA NA EUROPA


CATÂNIA, Itália/LUXEMBURGO (Reuters) - Ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reuniram nesta segunda-feira (20) sob pressão para produzir mais que palavras e evitar a morte de imigrantes desesperados no mar Mediterrâneo, enquanto corpos do naufrágio com mais mortes já registrado surgiram nas praias de Malta.
O saldo de mortos do desastre de domingo na costa da Líbia é incerto, mas deve ser o mais alto dos tempos modernos envolvendo imigrantes que são traficados em embarcações frágeis através do Mediterrâneo.
Autoridades disseram que havia pelo menos 700 pessoas a bordo, algumas supostamente trancadas no porão de carga. A tragédia aconteceu dias depois de outra na qual se acredita terem morrido 400 pessoas.
Centenas de quilômetros ao leste, membros da guarda costeira lutavam para salvar imigrantes de outro barco destruído depois de naufragar ao largo da ilha grega de Rodes.
Guardas-costeiros disseram que pelo menos três pessoas morreram no local. Imagens de televisão mostraram sobreviventes agarrados a destroços enquanto eram resgatados.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) afirmou que outras três embarcações enviaram sinais de socorro nesta segunda-feira.
As autoridades europeias correm para criar uma política que represente uma reação mais humana ao êxodo de pessoas que viajam pelo mar da África e da Ásia para a Europa sem piorar a crise estimulando mais pessoas a partirem.
Uma operação naval italiana no sul do Mediterrâneo, conhecida como "Mare Nostrum", foi cancelada no ano passado por causa do custo e da oposição interna aos resgates marítimos, que poderiam encorajar a imigração.
Em novembro, a ação foi substituída por uma missão bem menor da UE, com um terço do orçamento, uma decisão que parece ter tornado a jornada muito mais mortífera para os imigrantes, arregimentados por traficantes de pessoas que prometem uma vida melhor na Europa.
“Essa é uma emergência humanitária que envolve todos nós”, afirmou o diretor italiano da OIM, Federico Soda, que pediu que uma missão equivalente à operação italiana seja relançada imediatamente.
Até 1.500 imigrantes já morreram este ano tentando cruzar o Mediterrâneo, cifra que deve superar de longe os 3.200 que a OIM estima terem morrido fazendo a travessia no ano passado, dado que o pico do verão local ainda não começou. Menos de 100 das mortes de 2014 ocorreram antes de maio.
A OIM diz que mais de 21 mil pessoas já empreenderam a viagem até agora este ano, em comparação às 26 mil do final de abril do ano passado, mas com um saldo de mortes cerca de 15 vezes maior até o momento.

No domingo, a embarcação virou e afundou na costa líbia quando passageiros correram para um lado do barco para chamar a atenção de um navio mercante que passava. Um sobrevivente de Bangladesh afirmou que havia 950 passageiros a bordo, segundo a OIM.
O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, declarou nesta segunda-feira que a ONU deveria enviar uma força para intervir diretamente na Líbia interceptando ou atacando traficantes de pessoas e impedindo a partida dos barcos. A França pediu mais operações de busca e resgate no mar.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/177863/Naufr%C3%A1gios-ampliam-crise-humanit%C3%A1ria-na-Europa.htm

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Preconceito na UFRGS

Estudo aponta que 87% dos alunos da UFRGS têm algum preconceito de gênero ou contra diversidade sexual

"Travestis me dão nojo." "A homossexualidade masculina é uma perversão." Essas afirmações, entre outras 15 com as quais os alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) deveriam concordar ou não, foram base de uma pesquisa que investigou o preconceito contra a diversidade sexual e de gênero na instituição. 

O resultado: 87% dos alunos têm algum grau de preconceito. Publicado neste mês na revista científica Sexuality Research and Social Policy, o estudo do Instituto de Psicologia é o primeiro, em larga escala, que mapeia este tipo de postura em uma universidade brasileira.

— A homofobia e a transfobia devem começar a ser combatidas "dentro de casa" — explica o autor principal do artigo, Ângelo Brandelli Costa, sobre a motivação para realizar a pesquisa.
Dos 8.184 alunos que preencheram o questionário de forma anônima e voluntária — 30% do total de matriculados na UFRGS —, apenas 12,17% apresentaram nível mínimo de preconceito. De acordo com Brandelli, qualquer grau acima disso é preocupante, uma vez que a escala utilizada na pesquisa avalia o preconceito explícito a partir de afirmativas de extrema (in)sensibilidade, como as destacadas no início desta reportagem.
O nível de preconceito variou de acordo com o curso e com o perfil do aluno: homens, heterossexuais, pessoas que declaram ter religião, acadêmicos das faculdades de ciências exatas e aqueles que vêm de cidades com menos de 100 mil habitantes responderam de forma mais intolerante aos itens propostos.


— Isso é inaceitável para uma universidade que foi eleita três vezes a melhor do país. Outro resultado bem surpreendente é que não há correlação entre o tempo de permanência na universidade e o nível de preconceito. Isso escancara que a instituição não está ajudando na formação cidadã desses alunos — avalia o doutorando em Psicologia, que estuda o preconceito contra orientações não heterossexuais no Brasil desde o mestrado, iniciado em 2010.
Debate institucional sobre diversidade
Por meio de sua assessoria de imprensa, a UFRGS informou que faz ações para mitigar preconceitos, cumprindo seu papel na sociedade. Em dezembro, ressaltou, foi uma das primeiras universidades do país a criar a Política de Uso de Nome Social para Pessoas Travestis e Transexuais. Em agosto de 2013, na pós-graduação em Educação, formou-se a primeira mestre transexual da UFRGS. "São realizações que demonstram a vontade da universidade em promover a discussão sobre o problema", diz o texto.
A UFRGS destacou ainda que mantém o Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (Nupacs), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, o Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero (NUPSEX), do Instituto de Psicologia, e o Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE), da Faculdade de Educação, que também promove o Cinidhebate — ciclo de cinema que aborda Direitos Humanos.
Além disso, há iniciativas da comunidade acadêmica que são incentivadas pela universidade, como a Semana da Diversidade Sexual e de Gênero, promovida pelos estudantes da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico).
Brandelli reconhece as iniciativas, como a garantia ao uso do nome social — quando o nome de registro civil não está de acordo com a identidade de gênero do aluno — nos registros acadêmicos. Existe também o grupo G8-Generalizando, vinculado ao Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da UFRGS, que presta assistência judicial às vítimas de violência, de homofobia e de violências cotidianas, principalmente lésbicas, gays, bissexuais e trans.
Ainda assim, os pesquisadores afirmam que uma formação ampla em direitos humanos, que contemple todos os cursos (o estudo aponta que cerca de 68% dos alunos nunca tiveram qualquer aula sobre o tema), poderia reduzir os índices de preconceito. No Brasil, os dados são alarmantes: segundo levantamento realizado em todo o país pelo Grupo Gay da Bahia em 2014, ocorre um homicídio causado por homo ou transfobia a cada 28 horas.
— Não temos marco legal nem políticas de combate à discriminação motivada por identidade de gênero e orientação sexual no país. O Plano Nacional de Educação saiu sem nenhuma menção a essa questão, deixando o Brasil, durante toda a próxima década, sem diretrizes para esta temática — diz Brandelli.
Doutora em Educação e presidente da ONG Reprolatina, que incentiva a educação sexual no ensino em toda a América Latina, Margarita Diaz não se surpreendeu com os resultados da pesquisa do Instituto de Psicologia da UFRGS. Segundo a educadora, tanto nas escolas quanto nas universidades, a temática sexual costuma ser abordada apenas do ponto de vista biológico.
— O papel de uma universidade não é apenas oferecer conhecimentos técnicos e cognitivos, mas formar seres humanos que convivam saudavelmente com a diversidade.
Fonte: Debate institucional sobre diversidade
Por meio de sua assessoria de imprensa, a UFRGS informou que faz ações para mitigar preconceitos, cumprindo seu papel na sociedade. Em dezembro, ressaltou, foi uma das primeiras universidades do país a criar a Política de Uso de Nome Social para Pessoas Travestis e Transexuais. Em agosto de 2013, na pós-graduação em Educação, formou-se a primeira mestre transexual da UFRGS. "São realizações que demonstram a vontade da universidade em promover a discussão sobre o problema", diz o texto.
A UFRGS destacou ainda que mantém o Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (Nupacs), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, o Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero (NUPSEX), do Instituto de Psicologia, e o Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE), da Faculdade de Educação, que também promove o Cinidhebate — ciclo de cinema que aborda Direitos Humanos.
Além disso, há iniciativas da comunidade acadêmica que são incentivadas pela universidade, como a Semana da Diversidade Sexual e de Gênero, promovida pelos estudantes da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico).
Brandelli reconhece as iniciativas, como a garantia ao uso do nome social — quando o nome de registro civil não está de acordo com a identidade de gênero do aluno — nos registros acadêmicos. Existe também o grupo G8-Generalizando, vinculado ao Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da UFRGS, que presta assistência judicial às vítimas de violência, de homofobia e de violências cotidianas, principalmente lésbicas, gays, bissexuais e trans.
Ainda assim, os pesquisadores afirmam que uma formação ampla em direitos humanos, que contemple todos os cursos (o estudo aponta que cerca de 68% dos alunos nunca tiveram qualquer aula sobre o tema), poderia reduzir os índices de preconceito. No Brasil, os dados são alarmantes: segundo levantamento realizado em todo o país pelo Grupo Gay da Bahia em 2014, ocorre um homicídio causado por homo ou transfobia a cada 28 horas.
— Não temos marco legal nem políticas de combate à discriminação motivada por identidade de gênero e orientação sexual no país. O Plano Nacional de Educação saiu sem nenhuma menção a essa questão, deixando o Brasil, durante toda a próxima década, sem diretrizes para esta temática — diz Brandelli.
Doutora em Educação e presidente da ONG Reprolatina, que incentiva a educação sexual no ensino em toda a América Latina, Margarita Diaz não se surpreendeu com os resultados da pesquisa do Instituto de Psicologia da UFRGS. Segundo a educadora, tanto nas escolas quanto nas universidades, a temática sexual costuma ser abordada apenas do ponto de vista biológico.
— O papel de uma universidade não é apenas oferecer conhecimentos técnicos e cognitivos, mas formar seres humanos que convivam saudavelmente com a diversidade.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/educacao/noticia/2015/05/estudo-aponta-que-87-dos-alunos-da-ufrgs-tem-algum-preconceito-de-genero-ou-contra-diversidade-sexual-4762850.html

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Jô Soares, direto ao ponto

Como o neto de Tancredo ainda não aprendeu nada de política?". Jô Soares volta a criticar obsessão de Aécio Neves pelo impeachment de Dilma Rousseff: "O que é que ele pensa? Que tiram a Dilma e vão botar ele?"


Há alguns anos Jô Soares costuma reservar um dia por semana do seu programa para tratar de assuntos políticos com jornalistas da área que são chamadas de ‘meninas do Jô’. Na semana passada, o apresentador global criticou a obsessão de Aécio Neves (PSDB-MG) em pedir o impeachment da atual presidente Dilma Rousseff (PT).
“Como é que um político que foi secretário de Tancredo [Neves], neto do Tancredo, secretário quando tinha 20 anos, não aprendeu ainda nada sobre política?”, questionou Jô.
“Ele agora recuou. Aécio neves recuou”, rebateu uma das jornalistas convidadas.
Jô insistiu no tema e lembrou que o ex-presidenciável tucano foi atrás de juristas que estivessem dispostos a embasar juridicamente a tese do impeachment de Dilma. O apresentador também criticou a postura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“É uma situação que parece coisa de república de patetas. Fernando Henrique Cardoso não tinha sequer que se pronunciar. O absurdo é tão grande que foram até procurar juristas [para viabilizar o impeachment] que só disseram: ‘ah, menino, vá procurar sua turma'”, enfatizou o apresentador.
Para Jô, as atitudes de Aécio não condizem com as de um candidato que angariou uma quantidade significativa de votos nas eleições presidenciais de 2014.
“Aécio, um candidato que teve uma quantidade de votos expressiva. O que é que ele pensa? Que tiram a Dilma e vão botar ele?”, questionou.
A propósito das consequências de um processo de impeachment, a jornalista Cristina Serra chamou a atenção para o desconhecimento de maior parte da população diante do que ocorreria em caso de impedimento presidencial.
“O pior é que muita gente que defende o impeachment não sabe o que acontece, de fato, se houver um processo de impedimento e qual é o desdobramento disso”, disse Cristina.
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/05/aecio-nao-aprendeu-nada-com-o-avo-diz-jo-soares.html