Em artigo divulgado esta semana, o médico e escritor Drauzio Varella revela alguns dados bem interessantes sobre a distribuição de profissionais de medicina pelo país. No momento em que se discute a presença de médicos estrangeiros no Brasil, vale a pena ler.
- Em uma pequena cidade chamada Santa Maria das Barreiras, interior do Pará, há apenas um médico para 18 mil habitantes. Ele é o cardiologista Sérgio Perini, um cubano formado pelo Instituto Superior de Ciências Médicas de Villa Clara, em Cuba. “As pessoas não têm mais a quem pedir ajuda a não ser a mim. Se tiver mais de três casos urgentes para atender imediatamente, como eu faço?”, lamenta Perini.
- Santa Maria das Barreiras está longe de ser uma exceção. Ela divide este drama com milhares de outros pequenos municípios, afirma Drauzio.
- Dados do Conselho Federal de Medicina, citados por Drauzio Varella, mostra que o país tem 388.015 médicos (dados de 2012), média de 1,8 por mil habitantes. A Argentina tem 3,2, Espanha e Portugal, 4 e Inglaterra, 2,7.
- Apenas 8% dos profissionais estão em municípios de até 50 mil pessoas, que formam 90% das cidades do país.
- O resto do contingente está nas grandes regiões. Brasília, Rio e São Paulo têm taxas de 4,09, 3,62 e 2,64 médicos por mil habitantes. No Amapá, a taxa cai para 0,95. No Pará do cubano Perini, 0,84. No Maranhão, 0,71.
- Em 2011, o governo lançou o Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica, lembra Drauzio Varella. Médicos recém-formados ganhariam salário inicial de R$ 8 mil. Não foi suficiente. Apesar de.2856 prefeituras solicitarem 13 mil médicos, menos da metade foi atendida.
- Perini, o médico da abertura do texto, diz que aprendeu o conceito de priorizar regiões carentes durante o curso. Por ter aprendido isso, deixou a cidade de São Simão, em Goiás, que tinha 15 médicos para 17 mil habitantes, e foi morar com a família no interior do Pará por um salário menor.
“Quando escuto o CFM falando que os médicos estrangeiros podem não ter formação suficiente, fico indignado. Me dá a impressão de que eles não fazem ideia do que aprendemos por lá”, lamenta.
- Por último, completa Drauzio Varella: no Brasil há apenas 2 mil médicos especializados em medicina de família cadastrados. A maioria prefere seguir o caminho de outras especializações. O programa anunciado pelo governo pretende, exatamente, reverter esta tendência.
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