O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira, o estudo Síntese de Indicadores Sociais 2013. O levantamento, de 269 páginas, faz uma análise das condições de vida dos brasileiros, contemplando aspectos demográficos, arranjos familiares, domicílios, educação, saúde, trabalho e rendimento.
O conjunto de indicadores tem por objetivo conhecer a realidade do país, sobretudo para avaliar a qualidade de vida, os níveis de bem-estar, a efetivação dos direitos humanos e sociais, além de acesso a serviços bens e oportunidades.
"Entre 2002 e 2012, a sociedade brasileira passou por mudanças que produziram impactos significativos sobre as condições de vida da população", de acordo com o texto. A pesquisa fala que o dinamismo do mercado de trabalho se traduziu no crescimento da população ocupada e na formalização das relações de trabalho. O acesso de mais trabalhadores ao mercado de consumo reduziu os diferenciais de rendimento, diz o texto.
Consta no estudo que "a criação, ampliação e consolidação de um conjunto de políticas de transferência de renda voltadas para segmentos da população historicamente excluídos de medidas protetivas por parte do Estado contribuiu também para a redução nos indicadores de desigualdade de rendimento, acesso a programas e serviços de saúde na área de atenção básica e frequência escolar".
Confira alguns dados apresentados no estudo:
Famílias e domicílios
Quanto aos padrões da dinâmica familiar, observa-se que os brasileiros estão mais propensos a experimentar diferentes estruturas de família. Um dos reflexos é o crescimento da mulher na força de trabalho.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), foram encontrados 65,9 milhões de arranjos familiares em 2012, a maioria compostos por pessoas com parentesco (86,6%). Na comparação com 2002, destaca-se o crescimento da proporção de pessoas que vivem sós — em 10 anos, passou de 9,3% para 13,2%. Na Região Sul, o percentual de arranjos unipessoais é, conforme a pesquisa, dividido da seguinte forma: 44,9% por homens e 55,1% por mulheres.
Entre 2002 e 2012, reduziram os arranjos familiares constituídos por casal com filhos (52,7% para 45%) e aumentaram os casais sem filhos (14% para 19%). Nas famílias constituídas por mulher sem cônjuge com filhos, a proporção passou de 17,9% para 16,2% no mesmo período.
Aspectos demográficos
A distribuição da população por idade e sexo aponta para a tendência de envelhecimento. Em 2002, o estreitamento da base da pirâmide era um fenômeno real — os grupos de zero a quatro anos eram menores do que os grupos de 10 a 14 anos. Uma década depois, observou-se que o estreitamento da base da pirâmide se acentuou. A participação do grupo com até 24 anos passa de 47,4% em 2002 para 39,6% em 2012. Na faixa de 45 anos ou mais passou de 23% para 29,9% no mesmo período.
Nos indicadores de fecundidade, a taxa de fecundidade total (número médio de filhos que uma mulher teria ao fim do período reprodutivo) chegou 1,8 no ano passado. Os valores mais elevados foram observados no Acre (2,7) e os mais baixos no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Santa Catarina e no Distrito Federal (1,6).
Educação
Segundo a PNAD 2012, cresceu o acesso ao sistema educacional em comparação com 2002, principalmente em relação à Educação Infantil. Em 2012, a taxa de escolarização das crianças de zero a três anos e de quatro e cinco anos era de 21,2% e 78,2%. Em 2002, as proporções eram 11,7% e 56,7%.
No ano passado, 32,3% dos jovens de 18 a 24 anos não haviam concluído o Ensino Médio e não estavam estudando, uma queda de 8,8 pontos percentuais na última década. Houve uma queda de 3,2 pontos percentuais na taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais, reduzindo de 11,9% para 8,7% em 10 anos.
A taxa de frequência líquida a estabelecimentos de ensino no Rio Grande do Sul, em 2012, entre pessoas de seis a 24 anos é a seguinte (em %): 92,1 (seis a 14 anos, Ensino Fundamental), 53,6 (15 a 17 anos, Ensino Médio) e 19 (18 a 24 anos, Ensino Superior).
Trabalho
A partir de meados da década de 2000, o mercado de trabalho brasileiro apresentou um comportamento diferente de décadas anteriores — aumentou o número de trabalhadores no processo produtivo, diminuindo as taxas de desocupação. Porém, não ocorreram grandes mudanças quanto às características do desemprego: as maiores taxas estão entre mulheres e jovens.
Na última década, houve um aumento significativo da proporção de trabalhadores em ocupações formais. O índice passou de 44,6% em 2002 para 56,9% em 2012.
No Rio Grande do Sul, o rendimento médio das pessoas com 16 anos ou mais, ocupadas em trabalhos formais ou informais, é de R$ 1.512 (R$ 1.704 entre os homens e R$ 1.254 entre as mulheres).
Padrão de vida e distribuição de renda
Conforme a pesquisa, ao menos até 2008, o crescimento econômico e a consequente expansão quantitativa e qualitativa do emprego, no Brasil, são fatores provenientes tanto da economia mundial quanto da economia doméstica. Primeiro, devido à forte ampliação das exportações brasileiras — o que gerou aumento da participação no Produto Interno Bruto (PIB). A partir do último trimestre de 2008 e todo o ano de 2009, os reflexos da crise mundial foram mais intensamente observados (e disseminados), já que o cenário externo contribuiu negativamente para o crescimento do país.
Em consequência disso, o consumo doméstico prevaleceu na sustentação do mercado de trabalho no Brasil. Muito devido à política de recuperação do salário mínimo, além de medidas de expansão do crédito e da consolidação de programas sociais de transferência de renda, o que impulsionou o consumo das famílias.
Saúde
Conforme a meta internacional, o Brasil deve reduzir a mortalidade infantil — de 1990 a 2015 — para 17,9 óbitos para casa mil nascimentos. E os dados mostram essa tendência de redução. Já em 2010, por exemplo, chegou-se perto desse objetivo, com o número batendo na casa de 18,6 para casa nascido vivo.
Em comparação a 1990, houve gradativa e destacada evolução. Naquele ano, a mortalidade era de 53,7 óbitos para cada mil nascimentos. Ainda assim, há fortes diferenças regionais: na região Sul, o índice era de 15,5, enquanto que no Norte e no Nordeste, de 25,0 e 22,1, respectivamente.
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