As relações nefastas de trabalho nos duros
dias atuais
Por Leonardo F. Lemes
Os
trabalhadores do século XXI convivem com uma máxima trazida como regra do modo
de produção capitalista que afirma que as demissões são necessárias e que o
profissional de hoje em dia não deve ficar muito tempo na mesma empresa. Esquecem
os apoiadores deste apanágio, que as empresas não são apenas lugares de
trabalho. São espaçotempos em que as pessoas formam vínculos de amizade,
constroem expectativas de futuro e formam uma identidade social. Trabalhar em
uma empresa transpassa a finalidade econômica. Óbvio, todos nós, inseridos como
estamos nessa teia global marcada pela capitalização de tudo, trabalhamos para
ganhar dinheiro. E quanto maior for o salário, melhor. Sabemos que as
demissões, assim como as admissões permeiam a relação empregado-empregador. No
entanto, o respeito mútuo deve sempre ser preservado. A demissão por si só,
vista como um castigo, ou por uma mudança de postura da empresa (visando
maiores lucros certamente) faz com que o lado humano fique de lado. As empresas
são muito mais valorizadas do que as pessoas. O trabalhador é a parte mais
frágil dessa relação.
Considero inconcebível a demissão sem aviso prévio, sem
uma discussão com o demissionário, levando em conta os diferentes contextos
(como idade para aposentadoria ou gravidez do cônjuge). Se nossos sindicatos
não fossem tão fragilizados como são, graças a esse modo de produção
capitalista, poderia ser discutida com o sindicato uma possibilidade de remanejo
ou transferência. Enfim, o que se verifica hoje em dia, é a demissão sumária,
de natureza artificial e expansionista para que resultados e metas sejam alcançados.
É a lógica de mercado.
O Centro
Universitário La Salle, inserido nessa lógica de mercado, resolveu fechar cursos
deficitários e demitir professores, sem qualquer discussão com a comunidade
acadêmica ou com a sociedade. Apesar de ser uma instituição cristã com foco na
educação, o Unilasalle rasga suas convicções acadêmicas em busca de lucro. Não
se pode exigir moral e ética de instituições, reitores e pró-reitores quando se
tem uma lógica dessas. Aliás, moral e ética nunca são pré-requisitos para a escolha
de um cargo de chefia.
Unilasalle,
mais uma organização que se degrada dia após dia sob nossos incrédulos olhares.
Espero que os profissionais formados em Geografia nessa instituição, possam,
através dos valiosos ensinamentos transmitidos pelos nossos mestres, fomentar a
discussão para que algo mude nessas nefastas relações de trabalho.
“As
organizações não são clubes, nem de anjos, nem de suicidas. Contudo, sempre
podemos encontrar uns anjos caídos por aí. Esses, além de maldosos, costumam
ser suicidas, e um perigo quando têm um pouquinho de poder nas mãos. Uma
organização que não se abstém de alimentar seus anjos caídos, mais cedo ou mais
tarde cairá sobre eles.”
Maria
Ester de Freitas – FGV
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