quarta-feira, 18 de junho de 2014

Vice dos EUA se reúne com Dilma e Temer para buscar reaproximação

É a 1ª autoridade americana que vem ao país após casos de espionagem. Joe Biden viajou a convite da Presidência e viu jogo dos EUA em Natal.

Dilma e Joe Biden


Em visita ao Brasil para assistir a seleção norte-americana jogar na Copa do Mundo, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontra nesta terça-feira (17) com a presidente Dilma Rousseff e com o vice brasileiro, Michel Temer, em Brasília. A reunião desta manhã é tratada como uma tentativa de reaproximação com o Brasil, após denúncias de espionagem no ano passado.
Esta é a primeira vez um representante do governo dos Estados Unidos vem ao Brasil após os vazamentos de documentos pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden indicarem, no ano passado, que os EUA monitoravam atividades de outros países e seus líderes, incluindo a presidente Dilma Rousseff.
Em setembro de 2013, em meio às denúncias, Dilma cancelou visita de Estado que faria ao país.
A agenda de Biden nesta terça prevê encontro com o vice-presidente Michel Temer e com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, às 10h. Segundo a assessoria da Presidência, não haverá declaração à imprensa após as reuniões.
Biden assistiu nesta segunda (16) ao jogo entre as seleções dos Estados Unidos e de Gana, em Natal, na Arena das Dunas, e conforme a agenda divulgada pela Presidência da República, não deverá ir a outro jogo. O vice-presidente americano veio ao Brasil a convite do governo brasileiro para assistir a partidas do Mundial.
O último encontro entre Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ocorreu durante reunião do G-20, grupo dos 19 países mais ricos do mundo mais a União Europeia, na Rússia, em setembro do ano passado.
A assessoria de imprensa da Vice-presidência afirmou que na reunião Biden e Temer discutirão temas da agenda bilateral. Os EUA são o segundo principal parceiro econômico do Brasil, atrás somente da China e à frente de países como Argentina e Alemanha.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/06/vice-dos-eua-se-reune-com-dilma-e-temer-para-buscar-reaproximacao.html

sábado, 14 de junho de 2014

Eleições 2014: candidatos se apresentam

Geografia política e politizada
Por: Leonardo Lemes

O cenário político, no que tange à escolha do presidente da República no mês de outubro, vai se configurando, com as convenções e definições dos partidos e suas alianças.
Luciana Genro, após a desistência de Randolfe Rodrigues, será a candidata do PSOL à presidência. É 99% certo. Randolfe se dedicará à candidatura ao governo do Amapá, visto que a capital Macapá possui um prefeito do PSOL. O partido, ainda pequeno, precisa crescer e, para isso é necessário governar pelo menos um Estado. Luciana Genro, gaúcha e ex-petista, abandonou o partido junto com Heloísa Helena, logo que o PT chegou ao poder com Lula. A filha do governador Tarso Genro ajudou a fundar o PSOL e fará muitos votos no Rio Grande do Sul, devido a sua personalidade e caráter. Luciana corre por fora e vai tirar votos preciosos dos ditos "favoritos". 
Luciana Genro

O PSDB vai de Aécio Neves, como já previsto. A convenção nacional do partido definiu o senador de Minas Gerais como candidato da chapa, aliado ao o DEM e o SDD. Falta ainda definir o vice; o favorito é Paulinho da Força, ex-PDT e atualmente no Solidariedade. Aliás, chama a atenção essa aliança do sindicalista Paulinho, presidente da Força Sindical, com os tucanos.
Aécio Neves

O PSB, em sua convenção, também definiu o que todos já sabiam: a aliança com a Rede Sustentabilidade, lançando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como candidato à presidência e Marina Silva, como vice. O PSB, que compôs a base governista por 10 anos, resolveu alçar voos maiores, aproveitando a popularidade obtida por Eduardo Campos em Pernambuco.
Eduardo Campos

O PV também já tem seu candidato: Eduardo Jorge, vice-presidente nacional da sigla. O partido ainda tenta juntar os cacos desde a saída de Marina Silva. O PV era um partido em franca ascensão e, com a saída da acreana, ainda luta por uma maior representatividade no cenário nacional.
Eduardo Jorge
No PT, a situação está definida com a candidatura da presidenta Dilma à reeleição. Seus adversários estão oficializando suas candidaturas, mas as campanhas já começaram com ataques e críticas ao seu governo. Óbvio que Dilma Rousseff também aproveita os espaços que tem para fazer propagandas de seu governo. É do jogo. Seus adversários terão uma dura tarefa: tentar quebrar a hegemonia petista que, com Dilma vencendo em outubro (ou novembro), fará o PT completar 16 anos no poder. 
Dilma Rousseff

As pesquisas mostram Dilma na frente de seus principais oponentes até o momento (a última mostrou Dilma com 40% das intenções de voto), Aécio Neves com cerca de 20% e Eduardo Campos com pouco mais de 10%. O cenário atual prevê um provável segundo turno, mas ainda é cedo para afirmar. Faltam 4 meses para as eleições e tudo pode mudar.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Sobre a abertura da copa e as vaias à presidenta Dilma

A Copa é um sucesso, mas faltou Brasil na festa

Por Juremir Machado da Silva

Os lacerdinhas estão babando na camisa de força: a Copa do Mundo até agora é um sucesso. Tudo funciona, dos aeroportos aos estádios, com os problemas normais em qualquer grande evento do mundo. As previsões do videntes com atrofia na mão direita não se confirmaram até agora. A vaia à presidente Dilma partiu de um estádio, em São Paulo, repleto de coxinhas brancos, ricos, reacionários e com dinheiro para pagar os ingressos.
O grande problema da Copa é a sua elitização. A festa de abertura foi medíocre. Faltou escola de samba e negritude. Faltou Brasil real, pujante, complexo e contraditório. O problema é que essas festas são sempre organizadas por moderninhos chatos que não gostam de samba e de barroquismo. Querem um visual clean e muita tecnologia. As crianças que entraram com os jogadores eram branquinhas da silva. A elite quer os holofotes para ela. Claudia Leite, como expressão da cultura brasileira, é uma piada bobinha. Expressou mais a Galinha Pintadinha mesmo. Ainda bem que, no campo, a estrela máxima, Neymar, é afro.
Apesar da festa mixuruca, para moderninho mala ver, a Copa está bombando.
Chora, lacerdinha!
Esse sucesso não apaga os superfaturamentos, os erros de planejamento e as obras inacabadas.
Mas põe água na fervura dos secadores por razões eleitoreiras.
É só um torneio de futebol.
Como sempre, a elite branca tomou conta da festa.
Aparecer é com ela mesma, que, embora critique, ficará, através das suas empreiteiras, hotéis, restaurantes, comércio em geral e outros negócios de ocasião, com a melhor parte do bolo.
Se Neymar e Oscar continuarem tendo sorte nos chutes e se os árbitros continuarem ajudando, o caneco fica por aqui. As manifestações contra a Copa foram até agora um fracasso. Meia dúzia de gatos pingados, ou mascarados, em algumas capitais. O suficiente para gerar algumas pautas para a mídia internacional.
Se continuar assim, os lacerdinhas vão chorar na boca da garrafa.
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Luciana Genro candidata à presidência?

Declaração de Randolfe Rodrigues pode modificar candidatura do PSOL à presidência


Desistência de Randolfe pode abrir caminho para candidatura de Luciana Genro à presidência

Uma reportagem publicada na capa  desta terça-feira (11) do jornal Diário do Amapá informa que o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) poderá desistir de se candidatar à presidência da República e acabar concorrendo ao governo do estado do Amapá. A matéria é baseada em uma entrevista que o parlamentar concedeu à rádio Diário FM, em que teria dito que sua candidatura ao Palácio do Planalto não estaria definida.
“A minha candidatura a presidente ainda não está definida. Ela foi posta sem que viesse a prejudicar os interesses do Amapá”. A reportagem do Diário do Amapá completa: “Perguntado se poderia vir a ser candidato ao governo do estado, disse que essa não é possibilidade de todo descartada”.
As motivações de Randolfe Rodrigues estariam vinculadas a disputas regionais no Amapá. O PSOL comanda a prefeitura da Capital, com Clécio Luís, e o PSB detém o governo estadual, com Camilo Capiberibe. O senador acusa o governo estadual de não repassar recursos para a prefeitura de Macapá.
Nos bastidores, existe a possibilidade de que uma eventual desistência de Randolfe abra caminho para a candidatura da ex-deputada federal Luciana Genro (PSOL) à presidência. Hoje, Luciana é pré-candidata a vice na chapa do senador – com quem disputou a indicação para a cabeça de chapa no congresso do partido.
Oficialmente, as lideranças do PSOL negam essa possibilidade. “São só especulações que existem em cima disso, não existe nada de concreto”, afirma Luciana Genro.
O presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, acredita que a candidatura de Randolfe permanecerá. “Foi uma escolha nacional. Isso é especulação. Ele tem índices muito altos de aprovação no Amapá, se fosse concorrer a governador, mas houve um pedido do partido (para a candidatura a presidência) e ele aceitou”, afirma.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o gabinete do senador Randolfe Rodrigues afirma que “a notícia (do Diário do Amapá) não procede, o senador é o pré-candidato do PSOL à presidência e não existe nenhuma discussão em outro nível”. A assessoria do parlamentar diz que “foi uma interpretação mal feita” das declarações do senador.
Fonte:http://www.sul21.com.br/jornal/declaracao-de-randolfe-rodrigues-pode-modificar-candidatura-do-psol-a-presidencia/

terça-feira, 10 de junho de 2014

Cúpula do Brics será encerrada em Brasília

Espaço mundial

A 6ª Cúpula do Brics - grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul - reunirá os chefes de Estado dos cinco países-membros do bloco em Fortaleza, no Centro de Eventos do Ceará, no dia 15 de julho, e terá seu encerramento em Brasília, no Palácio Itamaraty, no dia 16, com a presença de presidentes das nações da América do Sul. Na capital federal, os líderes sul-americanos serão convidados a apresentar sua perspectiva sobre o tema da cúpula: Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis. O convite aos líderes regionais, novidade para essa cúpula, faz parte da estratégia do Brics de aproximação com países não membros, priorizando nações em desenvolvimento.


Segundo o professor de economia política internacional da Universidade de Brasília, Roberto Goulart Menezes, a novidade representa uma vitória da diplomacia brasileira e uma grande contribuição dos demais países do Brics, reforçando o papel do Brasil como liderança regional em um momento de paralisia das negociações do processo de integração sul-americana. “É o Brasil dizendo: estou indo ao grupo [Brics], mas não estou esquecendo a região”.

O Brasil é o único país do bloco até agora a sediar o encontro dos chefes de Estado do Brics pela segunda vez e deve ser palco de duas importantes decisões. A expectativa dos governos do grupo é que até 15 de julho esteja tudo acertado para as assinaturas do Tratado Constitutivo do Arranjo Contingente de Reservas, que instituirá um fundo no valor de US$ 100 bilhões para auxiliar os membros que, no futuro, estejam em situação delicada no balanço de pagamentos e do acordo para a criação do banco de desenvolvimento Brics.

O fundo de reservas internacionais contará com US$ 41 bilhões da China, US$ 18 bilhões do Brasil, da Rússia e da Índia, e US$ 5 bilhões da África do Sul. Já o banco, com orçamento de US$ 100 bilhões, terá aportes fiscais igualitários entre os países-membros. A previsão é que a instituição leve cerca de dois anos para entrar em funcionamento porque precisará ser aprovada pelos parlamentos dos cinco países, definir suas regras internas e receber o aporte inicial, que deverá ser US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em dinheiro e US$ 40 bilhões em garantias.

Em discussão há dois anos dentro do Brics, o banco pretende atender a demandas não contempladas totalmente pelas grandes instituições financeiras globais, como o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Os últimos detalhes dos dois acordos devem ser acertados no fim deste mês, em Melbourne, na Austrália, em reunião paralela ao encontro de representantes de finanças e dos Bancos Centrais do G20, e, se necessário, no dia 14 de julho, em Fortaleza, na reunião pré-cúpula entre ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais dos países do Brics.

Menezes explica que o principal objetivo da criação do Brics foi discutir e pressionar a reforma das instituições financeiros multilaterais. Com a criação de banco e fundo próprios, segundo ele, o grupo se apresenta como mais uma fonte para investimentos, que futuramente devem alcançar países periféricos, e mostra força para pressionar a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), determinando um grau de autonomia e um “colchão” financeiro aos países-membros enquanto a reforma não ocorre.

Em sua sexta cúpula, os líderes terão reunião fechada, e, em seguida, durante seus discursos públicos na capital cearense, deverão destacar o papel do bloco na inclusão de pessoas no mercado de consumo, seja pelo crescimento econômico ou por meio de políticas públicas, e reforçar o compromisso com o desenvolvimento sustentável. O tema Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis está relacionado à contribuição dos países do Brics na redução da pobreza e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), não apenas em seus territórios. A expectativa dos organizadores é que cerca de 3 mil pessoas estejam envolvidas na reunião de líderes em Fortaleza, sendo a metade jornalistas, cerca de 800 empresários e o restante membros das delegações dos cinco países.

Além das reuniões da Cúpula do Brics, alguns presidentes devem ter encontros bilaterais com a presidenta Dilma Rousseff. Vladimir Putin, da Rússia, já confirmou presença na final da Copa do Mundo, dia 13 de julho. Jacob Zuma, da África do Sul, sede da última Copa, também deve estar presente.
Fonte: http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2014/06/cupula-do-brics-sera-encerrada-em-brasilia

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A lição que o Brasil pode dar ao mundo

Espero que todos possam ler isso. O melhor texto sobre o assunto "Copa".

Estamos vibrando com a derrocada daquilo que mais odiamos. E o que mais odiamos parece ser o Brasil. Como se o Brasil não fosse, tão e simplesmente, nós mesmos

Se todos os problemas do Brasil fossem relacionados à copa e à FIFA seria bem mais fácil resolvê-los...

Há um pensamento em voga entre nós: devíamos sabotar a Copa, torcer contra, colaborar para que “não haja” Copa. Isto seria a coisa cívica e correta a fazer – usar a Copa do Mundo no Brasil não para vender ao mundo uma imagem boa do país, mas, ao contrário, para revelar nossas mazelas, para admitir nossas iniquidades diante do planeta.
Isto seria um levante contra “tudo isso que está aí” – o maldito padrão Fifa que não conseguimos alcançar e que nos humilha; nossa incapacidade histórica de fazer qualquer coisa honestamente, sem cobrar ou pagar propina; a economia que não anda; nossa ineficiência estrutural e nossa leniência crônica que nunca cumprem o que promete, que perdem prazos e desrespeitam contratos; nossa falência como nação que não consegue andar para frente em tantos aspectos essenciais; nossa incompetência em superar essa fenda social profunda que nos divide há séculos em duas castas que se odeiam, às vezes em silêncio, às vezes nem tanto.
Mas sabotar a Copa funcionaria também como uma espécie de autoexpiação pública e mundial, transformando nossas questões nacionais, internas, num inesquecível fiasco global. Como se a Copa do Mundo deixasse de ser uma festa para virar uma chibata. Como se o maior evento do planeta, que nos foi confiado e que nós brigamos para receber, não representasse um momento de alegria mas sim uma oportunidade de gerar constrangimento, vergonha, decepção e má publicidade.
Sorrir virou uma assunção de cretinice. Torcer pelas cores nacionais na Copa virou um crime. Exercer o gosto pelo futebol, um traço nacional, virou coisa de gente pusilânime.
Ao mesmo tempo, ver o Brasil mal retratado na imprensa de outros países virou uma alegria. Passamos a gostar da ideia de esfregar nossos aleijões na cara da audiência internacional – tendo especial regozijo ao ver a classe média do resto do mundo virar de lado e tampar o nariz. Adoramos jogar lama no próprio rosto. E convidamos os outros a nos enlamear também. Estamos torcendo para que as coisas funcionem mal, e para que tudo dê errado, e para que não consigamos fazer nada direito, para que tragédias aconteçam, para que tudo mais vá para o inferno.
Estamos vibrando com a derrocada daquilo que mais odiamos. E o que mais odiamos parece ser o Brasil. Como se o Brasil não fosse, tão e simplesmente, nós mesmos.
Tenho muita dificuldade de entrar nessa onda de autoimolação. E na inconsequência juvenil dessa postura “quanto pior, melhor”. Há um niilismo contido nesse pensamento, e um masoquismo meio piegas e vazio nessa proposta, um espírito de porco oco e doentio, que me desagradam profundamente. Talvez porque haja muita destruição aí – e eu seja um construtor. Talvez porque haja muita coisa prestes a ser posta abaixo, indiscriminadamente, e eu seja um criador que gosta de erguer obras. Não sou um demolidor de paredes. Então não consigo achar que botar fogo no circo com todo mundo debaixo da lona possa ser uma boa ideia. Talvez por já ter vivido fora do país, e visto o Brasil lá de fora. E por ter dois filhos brasileiros, que terão seu futuro próximo acontecendo por aqui. E por já estar vivendo meu 43. ano de vida. Já estou muito velho para achar que arrasar a terra possa facilitar o nascimento de alguma outra coisa sobre ela.
Fico imaginando esse mesmo pensamento noutros países. Cito apenas alguns. Você completa o quadro.
Na Copa de 2002, o Japão deveria, logo na abertura, fazer menção a seus crimes de guerra, que não foram poucos, pelos quais jamais se desculpou. Ou então alertar para o tratamento discriminatório até hoje imposto aos burakumin – pessoas que exercem profissões “impuras”, como coveiros e açougueiros. Ou protestar contra a xenofobia, e o sentimento de isolamento (quando não de superioridade) racial que ainda hoje permeia a sociedade japonesa.
A Coréia, no mesmo ano, deveria denunciar seu patriarcalismo opressor e a violência doméstica contra mulheres que é uma espécie de direito adquirido dos homens por lá até hoje – quase 60% das esposas afirmam sofrer algum tipo de abuso dentro de casa.
Os Estados Unidos deveriam ter encerrado a Copa de 1994 com uma apoteose em forma de perdão pela barbaridade das duas bombas atômicas que atiraram covardemente sobre a população civil de duas cidades, em nome de um teste científico (afinal, gente amarela não é gente, né?) e de um aviso nuclear aos novos inimigos. Foram 250 000 mortos, entre crianças, mulheres, bebês, velhos, gestantes, recém nascidos. Ou então a apoteose deveria representar uma elegia às populações indígenas americanas massacradas. Ou aos mortos de todas as ditaduras que os Estados Unidos apoiaram ao longo de décadas, inclusive ensinando as melhores técnicas para “prender e arrebentar”, para vigiar e punir e esganar. Os Estados Unidos também poderiam se retirar da Copa, e também das Olimpíadas, bem como de todas as competições internacionais em que costumam brilhar, em protesto contra o fato de serem a maior economia do mundo e até hoje não terem tido a capacidade de oferecer um sistema público de saúde universal aos trabalhadores que produzem essa riqueza toda – quase 50 milhões de americanos simplesmente não tem a quem recorrer se ficarem doentes.
A África do Sul, em 2010, deveria ter alardeado sua liderança mundial em estupros – 128 estupros por 100 000 habitantes. (Ah, sim. Na Nigéria, que receberemos esse ano, o estupro marital não é considerado crime. A delegação nigeriana, composta de maridos, deveria entrar no Itaquerão empunhando essa bandeira?)
A Itália e a Espanha, as duas últimas campeãs mundiais, nem deveriam vir à Copa. Na Itália, o desemprego entre os jovens é de 38,5% – no Sul, a região mais pobre do país, a taxa é de 50%. Ano passado, 134 lojas fechavam diariamente na bota – mais de 224 000 pontos já fecharam no varejo italiano desde 2008. Na Espanha, o desemprego está batendo em 30% na população em geral. Entre os jovens, já encostou também nos 50%.
Ou seja, se fossem países sérios, Espanha e Itália não perderiam tempo e recursos participando de um evento da Fifa, essa corja internacional, e se dedicariam com mais a afinco a resolver seu problemas, que são muito graves. Trata-se de países à beira da bancarrota. (Só para comparar, a taxa de desemprego no Brasil, esse fim de mundo em que vivemos, é de 4,9%). Os americanos, se merecessem os hambúrgueres que comem, deveriam usar a visibilidade da Copa, já que nem gostam de futebol mesmo, para chamarem a atenção para a tremenda injustiça e para o absurdo descaso que enfrentam em seu sistema público de saúde. E, se tivessem um pingo de vergonha na cara, espanhois e italianos se recusariam a vir para a Copa, a torcer por suas seleções na Copa, e se postariam de costas para os televisores e sairiam quebrando vitrines (das lojas que ainda lhes restam) a cada gol de Iniesta ou de Balotelli. Mais ou menos como estamos planejando fazer por aqui em represália aos êxitos de Neymar e cia.
Eis a lição que o Brasil está prestes a dar ao mundo.
Fonte: http://www.manualdeingenuidades.com.br/2014/05/26/a-licao-que-o-brasil-esta-prestes-a-dar-ao-mundo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=a-licao-que-o-brasil-esta-prestes-a-dar-ao-mundo

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eleições 2014 - Governo do Estado RS

Roberto Robaina defende auditoria da dívida pública e suspensão dos pagamentos à União


Natural de Porto Alegre, Carlos Roberto de Souza Robaina será o candidato ao governo do Rio Grande do Sul pela Frente de Esquerda – que, até o momento, é formada pela coligação entre PSOL e PSTU. Filiado ao PT de 1983 a 2003 e formado em História, ele é um dos fundadores do PSOL e já concorreu à prefeitura de Porto Alegre, ao governo gaúcho e à Assembleia Legislativa.
Aos 46 anos, Roberto Robaina explica que o principal eixo de sua candidatura será o combate ao que qualifica como “sistema da dívida”, referindo-se à dívida do Rio Grande do Sul com a União – estimada em mais de R$ 40 bilhões e que, mensalmente, drena 13% da receita líquida do estado para os cofres do governo federal.
O candidato da Frente de Esquerda defende que seja feita uma auditoria na dívida gaúcha e uma suspensão dos pagamentos. Dessa forma, ele acredita que sobrarão mais recursos para outras áreas, como para o pagamento do piso nacional do magistério, por exemplo.
Nesta entrevista ao Sul21, Robaina fala sobre o programa de governo que pretende apresentar na disputa ao Palácio Piratini. Trata-se da primeira entrevista da série de conversas com os pré-candidatos ao governo gaúcho. O Sul21 irá publicar, ao longo das próximas semanas, as entrevistas com os demais nomes colocados na disputa.

“O Rio Grande do Sul dá sua contribuição permanente com cerca de R$ 3 bilhões para garantir a remuneração desse capital financeiro que especula e enriquece”

Sul21 – Por que o senhor quer ser candidato e quais são as principais propostas?
Roberto Robaina – PSOL e PSTU fizeram uma aliança, construindo a Frente de Esquerda, e estamos mais uma vez nos apresentando para lutar e fazer crescer o novo na política. Para que haja uma forma de fazer política diferente, que quebre a política atual dominada pelos ricos. Sabemos que esse desafio não é fácil, porque enfrentamos interesses poderosos que dominam a economia do país e do estado. Estamos empenhados para ajudar a construir uma alternativa, para que avance a ideia de que as pessoas autodeterminem o seu destino e que haja canais cada vez mais fortes de autogoverno.
Sul21 – Qual o principal problema do estado que deve ser enfrentado por um governador?
Robaina – O Rio Grande do Sul tem tantos problemas que apontar um seria uma missão impossível. Talvez o que seja mais trágico seja a saúde pública, que está tremendamente desassistida. As pessoas mais necessitadas são as que têm menos garantias para uma condição digna num momento tão difícil como é o da doença. Não sei se já foi mudado, mas o governo estadual adotou a determinação de cortar o trabalho de cirurgia e de parto nos hospitais em cidades com menos de 10 mil habitantes. É uma medida que vai no sentido oposto ao que se precisa, que é cada vez mais interiorizar e regionalizar a saúde. Uma das tragédias que se conhece bem no estado é a famosa ambulancioterapia. Além de ser uma tragédia pra quem vive no interior, é um grave problema pra quem vive na Capital e na Região Metropolitana, na medida em que os hospitais acabam tendo que resolver uma demanda de todo o estado. A superlotação nas emergências é parte disso. Temos o problema da educação, que se encontra numa situação triste. O governo prometeu o piso e não cumpriu. Os salários dos professores são baixíssimos. Mas não é todo mundo que está mal. Há setores minoritários da sociedade brasileira e gaúcha que nunca ganharam tanto e continuam ganhando muito. São os mais ricos, que se beneficiam de uma política econômica voltada infelizmente para atender os interesses de uma minoria. Esses interesses são os que pautam as políticas dos governantes. Isso não mudou no governo do PT.

”Com a auditoria, desestabilizamos esse mecanismo de sangria e conseguimos dar um choque nesse elemento especulativo e parasitário da economia”


Sul21 – De que forma um mandato do PSOL pode inverter essa política econômica?
Robaina – Em qualquer área que discutimos, temos vários elementos que demonstram que a política econômica e o tipo de investimento estão voltados ao enriquecimento daqueles que já têm enriquecido. Tem um mecanismo que garante que isso se reproduza e se desenvolva de modo cada vez mais grave, que é o sistema da dívida. Esse mecanismo perpassa o conjunto do sistema político e econômico, porque faz com que tenhamos todo o ano uma drenagem de 13% das receitas líquidas do estado. Não é uma quantia pequena. Para o orçamento deste ano, significa mais de R$ 3 bilhões. É mais do que o valor necessário para cumprir a lei do piso do magistério. Cortar essa sangria e enfrentar esse problema são medidas determinantes, sem as quais não se tem condições de melhorar a situação do estado. Inverter essa lógica em que os ricos ganham cada vez mais significa quebrar esse sistema político, que está todo linkado à reprodução desse tipo de benefício para essas famílias que recebem o recurso da dívida pública. Se sabe que no país o sistema da dívida faz com que as cinco mil famílias mais ricas recebam a fabulosa quantia que todo ano enriquece cada vez mais elas. Temos hoje uma dívida pública nacional de quase R$ 2 trilhões. O Rio Grande do Sul dá sua contribuição permanente com cerca de R$ 3 bilhões para garantir a remuneração desse capital financeiro que especula e enriquece, enquanto que a situação do povo é bastante grave.
ul21 – A estratégia do atual governo é fazer pressão junto ao Congresso Nacional para modificar o indexador da dívida. Qual é a sua proposta?
Robaina – A estratégia do governo é uma estratégia de enrolação. Sequer essa proposta de negociação ele conseguiu. O Tarso chegou a dizer que não se candidataria se não votassem essa proposta de negociação, que, além do mais, não muda absolutamente nada em termos de valores mensais e anuais que o estado sustenta e banca a União. Por essa proposta, até 2028 se manteria essa sangria, o que ela altera é o resíduo da dívida. No quadro vigente não existe renegociação. O governo (nacional) do PT disse para o Tarso que vai votar essa proposta depois da eleição. Isso é esperar sentado. Se não votaram antes, lógico que depois não vão votar nenhum tipo de medida que afrouxa – nem que seja um pouquinho – esse garrote sobre os estados para garantir a remuneração do capital financeiro. O que o governador tem tentado fazer é adotar um discurso político que permita que ele pelo menos diga algo nas eleições a respeito disso. Qualquer pessoa que examine as contas do estado sabe que, da forma que está, com o tipo de distribuição que tem o orçamento, não tem nenhuma capacidade de investir e se desenvolver, porque os recursos estão bastante engessados.
Sul21 – Então qual sua proposta para a dívida?
Robaina – A proposta é fazer auditoria e a suspensão do pagamento. Temos que fazer a ruptura com o sistema. Sem isso, não tem como haver um processo de negociação, com reais condições de se resolver esse problema. Não é possível que se pague uma dívida que já foi paga, que quanto mais se paga, mais se deve. Não é possível o estado seguir pagando uma dívida que cresce a cada ano, embora aumente cada vez mais o pagamento, e que beneficia apenas as famílias mais ricas. Com a auditoria, desestabilizamos esse mecanismo de sangria e conseguimos dar um choque nesse elemento especulativo e parasitário da economia. Tem que ter um governo que faça esse enfrentamento. O PT não fez esse enfrentamento e acabou prisioneiro da mesma lógica. A ideia de que não se pode fazer esse enfrentamento é falsa, tanto no plano internacional quanto no nacional. O Equador fez auditoria da dívida, começou a fazer um questionamento desse capital especulativo e fictício obtido através da sangria dos recursos públicos e do esforço produtivo da sociedade. E tivemos, em 1999, um processo de enfrentamento a partir do governo de Minas Gerais. O Itamar Franco fez moratória em Minas e, com isso, o governo mineiro conseguiu desestabilizar o projeto nefasto do Fernando Henrique. Em boa parte, a vitória do PT em 2002 se deve à ação corajosa do governo de Minas, que enfrentou o governo federal e questionou o sistema da dívida fazendo uma moratória. Era época, também, da primeira experiência do PT aqui no Rio Grande do Sul, e o PT não acompanhou o governo mineiro. Se, naquela oportunidade, o governo gaúcho tivesse acompanhado o governo mineiro, as condições de enfrentamento a esse sistema da dívida teriam se fortalecido muito.

“Os recursos para pagar o piso do magistério sairão de uma linha clara de enfrentamento em relação aqueles que estão se beneficiando da lógica econômica dominante”

Sul21 – Qual o eixo central do programa que será apresentado pela Frente de Esquerda?
Robaina – O ponto mais importante é esse questionamento do sistema da dívida. Não é simplesmente o pagamento de R$ 3 bilhões por ano, superior ao que se investe em saúde e educação. O sistema da dívida faz com que a política e as alianças políticas sejam costuradas para garantir sua reprodução. É a continuidade de um modelo onde as cinco mil famílias mais ricas ganham cada vez mais, onde os recursos públicos são voltados para atender seus interesses. Enfrentar o sistema da dívida é enfrentar a sangria do estado e o sistema partidário que defende a continuidade desse modelo econômico que faz com que os ricos ganhem cada vez mais e os trabalhadores e a juventude não tenham seus interesses – expressos nas jornadas de junho – atendidos.
Sul21 – Qual sua proposta em relação ao piso do magistério? De onde sairiam os recursos para o cumprimento integral da lei?
Robaina – Temos que enfrentar o sistema da dívida e o problema da Lei Kandir. A lei Kandir, que isenta as exportações de ICMS, tirou a capacidade de arrecadação de mais ou menos R$ 2 bilhões do estado. A compensação pela lei Kandir não chega a R$ 300 milhões. É preciso buscar as condições econômicas de garantir o píso do magistério. Ou a educação é prioridade e os professores têm uma educação digna, ou não temos nenhuma condição de realmente fazer uma mudança substancial. Não resolver o problema da educação é uma demonstração de falência. Se o governo atual já provou que não tem condições de resolver o problema da educação, fica evidente que estamos diante de um projeto fracassado, que tem já uma acumulação e um tempo de exercício do poder. O PT não pode dizer simplesmente que não teve tempo de realizar seu projeto de transformação, porque está governando há 12 anos o país. Os governantes do Brasil têm grande peso no Rio Grande do Sul. A Dilma é do PT gaúcho. O Arno Augustin, que é o Secretário do Tesouro Nacional, é um dos grandes quadros do PT gaúcho e é um dos que tem a chave do cofre da União, que faz com que haja esse processo de sangria permanente dos cofres públicos do estado. De tal forma que esse projeto do governo fracassou. Os recursos para pagar o piso do magistério sairão de uma linha clara de enfrentamento em relação àqueles que estão se beneficiando da lógica econômica dominante. Isso se enfrenta combatendo as isenções fiscais, as medidas que tiram dinheiro do estado para os cofres da União. E combatendo também os privilégios, embora saibamos que isso tem mais um valor moral do que realmente uma capacidade de arrecadação para resolver problemas estruturais.
Sul21 – Em relação aos conflitos entre indígenas e agricultores no Rio Grande do Sul, como o senhor acha que o governo estadual pode colaborar na resolução desse problema?
Robaina – O tratamento que o governo do PT tem dado aos indígenas se expressou em Brasília, na terça-feira (27), quando tivemos a manifestação de indígenas, trabalhadores sem teto e estudantes. Os índios foram brutalmente reprimidos pela polícia de choque do governo do PT, do Agnelo Queiroz. Também no Rio Grande do Sul os índios têm sido desrespeitados de forma sistemática. O conflito que temos envolve, no caso específico, pequenos agricultores. Acaba sendo um conflito entre aqueles que nada têm, em termos de atendimento por parte do estado, e aqueles que praticamente nada tem. Não vejo outra saída que não seja indenização pesada aos pequenos agricultores. O estado tem que intervir, não é possível que não se garanta isso. Quando é para indenizar grandes latifúndios, o governo faz de tudo para conseguir que eles não tenham seus interesses prejudicados. É preciso responder ao interesse dos pequenos agricultores, indenizando. Mas não aceitamos uma linha contra os índios.

“Tem três forças sociais e políticas disputando a eleição: os reacionários, os conservadores e os que querem lutar para que o novo se desenvolva”

Sul21 – O PSOL critica o modelo de polícia militar existente no Brasil e denunciou vários casos de repressão durante as manifestações. Que medidas um governo do PSOL tomaria em relação à Brigada Militar?
Robaina – No Rio Grande do Sul, tem três forças sociais e políticas disputando a eleição: os reacionários, os conservadores e os que querem lutar para que o novo se desenvolva. As forças conservadoras são as que estão no governo. O PT no século XX era progressista e no século XXI passou a ser uma força conservadora. E tem forças reacionárias, que querem uma experiência ainda mais contrária às tentativas de mudança. E tem as forças que tentam lutar para que cresça o novo, que se expressaram socialmente nas manifestações de junho. Junho colocou uma série de pautas reivindicativas. Nosso programa articula essas pautas numa estrutura consistente, que tem capacidade de realizar as demandas exigidas, que não foram ouvidas pelos governantes. Faz um ano que a Polícia Militar tem sido centralmente utilizada para reprimir manifestações. Nisso, os conservadores e os reacionários se juntam. Apoiam uma lógica para que a PM tenha como eixo central reprimir o povo que se manifesta. Nós, da Frente de Esquerda, lutamos para que cresça a lógica que se expressou em junho, que tem uma série de demandas e adota o método da mobilização e da auto-organização. Pra que tenha um governo da Frente de Esquerda, tem que haver um processo de mobilização com capacidade de impor o novo. Isso vai fazer com que a polícia perca essa lógica de ser um instrumento a serviço da repressão, para que seja um instrumento a serviço da segurança pública. Óbvio que tem muitas reformas que precisam ser feitas. Até essa perspectiva o PT abandonou. Se o PT tivesse uma perspectiva reformista, teríamos, pelo menos, algum nível de acumulação de mudanças. Mas o PT perdeu essa perspectiva a tal ponto que a estrutura da Brigada Militar está intacta e é exatamente a mesma estrutura repressiva de qualquer outro governo. Medidas que ajudariam a promover a base da Brigada, os soldados, sargentos e tenentes, não foram implementadas. Existe um concurso para ser soldado, onde a pessoa pode chegar, no máximo, a tenente. E quem quiser ser capitão tem que fazer um concurso próprio. Na estrutura hierárquica, o soldado não manda nada e só tem que atuar para ser bucha de canhão no processo de repressão. Temos que ter uma política para unificar as policias Civil e Militar. Ou essa lógica muda, ou seguiremos num estado onde a estrutura de poder estará sempre voltada a atender os interesses dos ricos.
Sul21 – A política de alianças do PSOL envolve a construção da Frente de Esquerda com o PSTU. E o PCB também irá participar?
Robaina – Está confirmada a aliança com o PSTU. O sistema atual faz com que, entre os conservadores e reacionários, se formem alianças para manter tudo como está. O PT lançou sua chapa na sede do PTB. O PT apresenta os nomes para ter voto e o PTB fica escondido, para depois ter cargos nas secretarias. Os esquemas de corrupção que foram denunciados no governo Tarso foram ao redor do PTB e do PCdoB. Nós faremos uma aliança coerente com o propósito de lutar para que cresça o novo. Vamos tentar também a aliança com o PCB, que tem uma tradição de esquerda. Os que se mobilizaram em junho precisam fazer com que o espírito de junho se expresse na eleição de outubro. Sabemos que a eleição é apenas um momento na luta. As forças sociais que estão se expressando hoje no Brasil estão lutando no dia a dia, nas ruas. As greves dos rodoviários, as ocupações nas universidades, as lutas por moradia são continuidades de junho e enfrentam reacionários e conservadores. Essa aliança do PT com o PTB diz muita coisa e não existe apenas no estado. PT e PTB estão juntos no governo Dilma e o PT do Alagoas vai apoiar a candidatura do Collor ao Senado. Isso diz tudo. Nossa aliança será de esquerda.
Sul21 – A chapa majoritária já está definida?
Robaina – O candidato ao Senado será o Júlio Flores (PSTU), que é um professor, ex-bancário e sempre foi um ativista histórico da esquerda. E a decisão sobre quem será o vice virá a partir da confirmação do PCB.

“O povo se mobilizando é o único caminho para desenvolver a ideia de que a sociedade tem que se autogovernar, e não entregar o governo na mão de partidos políticos que são gerentes dos interesses dos grandes capitalistas”

Sul21 – Nacionalmente, o senhor defende a candidatura do senador Randolfe Rodrigues?
Robaina – Sim, com a Luciana Genro de vice. Estamos numa batalha nacional. Essa batalha que estamos fazendo para construir juntamente entre PSOL e PSTU tem um sentido muito profundo. Se formos observar as eleições europeias, tivemos, em alguns países onde a esquerda mais coerente não conseguiu se desenvolver, um resultado eleitoral bastante trágico. Os conservadores – expressos nos socialistas – vão colapsando, e os reacionários vão crescendo, porque as posições conservadoras fracassam em apresentar reais mudanças para melhorar a vida do povo. Os reacionários crescem nesse fracasso se não há uma posição de esquerda coerente, que aponte de modo claro que é preciso seguir avançando. Se não há essa conclusão de que é preciso ir para a esquerda, a sociedade fica polarizada entre conservadores e reacionários. Nessa polarização, o povo não ganha nunca. Na Grécia, a esquerda autêntica teve um crescimento muito importante, a tal ponto que o Syriza, que é o partido que questiona o sistema da dívida na Europa – muito similar ao brasileiro – foi a resposta aos conservadores e reacionários. Nós estamos tentando fazer com que a esquerda cresça sem que o Brasil tenha que passar por uma experiência tão trágica como a grega, na qual o PIB desabou e o desemprego se multiplicou. A crise está chegando no Brasil e deve ser enfrentada com medidas que ataquem os interesses dos capitalistas. Trabalhamos para que cresça a ideia de que o povo se mobilizando é o único caminho para desenvolver a ideia de que a sociedade tem que se autogovernar, e não entregar o governo na mão de partidos políticos que, hoje, são gerentes dos interesses dos grandes capitalistas. Estamos muito orgulhosos de ter unido PSOL e PSTU para fazer um polo de esquerda que fortaleça esse tipo de ideia.
Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/roberto-robaina-defende-auditoria-da-divida-publica-e-suspensao-dos-pagamentos-a-uniao/