sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Oriente Médio: Guerra à vista

França cogita intervenção militar na Síria

Governo de François Hollande apoiaria ataque mesmo sem determinação da ONU, enquanto EUA mantêm discurso mais cauteloso


Um dia após a divulgação de imagens terrificantes que correram o mundo e as acusações a respeito do uso de armas químicas na Síria, o Ocidente ontem se dividia quanto ao que fazer.
Se de um lado os Estados Unidos diziam não estar certos de que esse tipo de armamento foi utilizado, de outro a França já falava em intervenção militar caso o uso seja confirmado.
– Neste momento, somos incapazes de determinar definitivamente se foram usadas armas químicas – ponderava a porta-voz da diplomacia americana, Jennifer Psaki, acrescentando que “o presidente (Barack Obama) ordenou que os serviços de inteligência reúnam o mais rapidamente possível relatórios adicionais”, para definir o rumo a ser tomado.Se os EUA concluírem que o regime sírio recorreu ao uso de armas químicas, seria uma “escalada flagrante e escandalosa”, definiu Psaki. O uso de armas químicas é a condição manifestada por Obama para realizar uma intervenção militar.

Já a França defendeu o uso de força internacional independentemente da ONU para resolver o conflito, sempre ressalvando que devem ser comprovadas as denúncias de rebeldes de que o regime de Bashar al-Assad realizou ataque com agentes tóxicos na periferia de Damasco.
De acordo com a oposição síria, tropas aliadas ao ditador bombardearam quatro cidades da periferia de Damasco com um gás que afeta o sistema nervoso, deixando centenas de mortos. O regime sírio nega.
O Conselho de Segurança da ONU pediu “clareza” sobre o ataque, que teria matado 1,3 mil pessoas. Enquanto isso, monitores que estão na Síria ainda não receberam autorização do regime para chegar ao local. O secretário-geral, Ban Ki-moon, decidiu enviar a Damasco a representante para assuntos de desarmamentos, Angela Kane.
Irã e Rússia põem culpa na oposição
O detalhe é que o Conselho sempre corre o risco de ter determinações vetadas pela Rússia, aliada do governo sírio. Por isso, o outros países se veem com as mãos atadas.
A Alemanha também pediu ontem que se investigue o incidente. Já a Turquia afirmou que “todos os limites já foram ultrapassados na Síria” e criticou as potências ocidentais por não terem tomado ações para impedir a continuidade do conflito, que já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.
O chefe da diplomacia do Irã, Mohammad Javad Zarif, acusou os rebeldes sírios de terem sido eles, e não o governo, que promoveram o ataque químico. A opinião faz coro com o discurso russo, de apoio a Al-Assad.
As dúvidas
O que aconteceu?
Após um bombardeio do exército nos arredores de Damasco, opositores afirmam que foguetes com agentes tóxicos caíram em áreas habitadas por civis na região de Ghouta, matando mais de mil pessoas, entre elas muitas crianças e jovens.

Quem seria capaz de um ataque desse porte?
O governo admitiu estocar armas químicas, mas afirma que jamais as usaria dentro do país. A Rússia garante que o ataque foi obra da oposição, embora EUA e Grã-Bretanha digam não acreditar que os rebeldes tenham acesso a armas químicas.

Como se podem verificar as acusações?
Tudo depende da rapidez dos investigadores da ONU em chegar até as áreas supostamente afetadas. Quanto mais rápido conseguirem coletar materiais, maior a probabilidade de determinarem de forma conclusiva o uso ou não de armas químicas. No entanto, a ONU não tem permissão do governo sírio para investigar a área onde teria ocorrido o último ataque.

Os vídeos podem ser falsos?
Segundo o regime, as “fotografias mostradas foram fabricadas, e a campanha foi planejada com antecedência”. No entanto, para analistas, tanto a quantidade quanto o detalhe das filmagens divulgadas torna improvável a hipótese de que os registros sejam manipulados.


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